quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Teve piada, na altura.

1976. O monstro das bolachas destruía à dentada o WTC!
2001. Que monstro deu a dentada nas torres?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Apologia do Individualismo

Tenho andado muito reflexiva. Recentemente aconteceram uma série de coisas na minha vida que me fizeram questionar seriamente o meu papel no mundo e o que os outros significam para mim. Sim. Tenho andado especialmente filosófica e decididamente voltada para as questões essenciais, aquelas que, mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos de responder. Um dia destes veio-me literalmente parar ás mãos uma revista supostamente feminina, "Feliz" (traduzindo, claro está, o título é em Inglês) que tinha na capa o seguinte tópico "SEM TABU: os filhos destroem os casamentos". Todos os assuntos tratados nesta revista são fúteis e desprovidos de qualquer interesse. Toda a revista se sustenta em ideias estereotipadas e a todo o conteúdo é um copy-paste insosso das maiores banalidades, preconceitos e lugares-comuns que se podem encontrar na sociedade actual. Basicamente é um veículo de clichés para senhoras, como hei-de dizer isto sem ferir susceptibilidades, "desavisadas".
Parei. Na verdade não deveria ter ficado impressionada. Nada de verdadeiramente novo estava diante dos meus olhos. Nunca a sociedade foi tão egoísta, individualista e superficial. De facto, ter filhos é hoje a maior loucura que se pode cometer, não é? Já pensaram a quantidade de dinheiro que se gasta para dar à criança (sim! na pior das hipóteses UMA!) a melhor de todas as educações? E vesti-la com a melhor das roupas? E besuntá-la com o melhor dos cremes? Uma pipa de massa!!! Claro está que o nosso pequeno principe terá de ser o mais bonito, o mais perfumado e o mais inteligente da turma: a competição é feroz!!!! Isto causa um stress enorme aos pais que para poderem competir igualmente com os seus colegas (com o melhor carro, melhor casa e as melhores férias) ficam obrigados a trabalhar em dobro para poderem recuperar o dinheiro gasto (vá...investido!) no seu pequeno prodigio. De facto, um esforço titânico que se não for devidamente gerido resultará, inevitavelmente em depressão, psicose ou divórcio (ou nas três). Realmente...para quê ter filhos?! Já diz na revista e muito bem: destroem o casamento. E contribuem para o aquecimento global: gastam imensos recursos naturais!! Não. Ter filhos jamais!! Nem sei se será prudente casar-me (sugestão para a próxima edição: "SEM TABU: o casamento destrói a independência e acelera o processo de envelhecimento"). Vamos todos assumir descarada e orgulhosamente o Individualismo: já chega de nos sentirmos "constrangidos" por sermos individualistas e egocêntricos assumidos. Pudores á parte: o Individualismo como derradeiro Lifestyle!! PERFEITO! Vou continuar a minha vidinha, ganhar o meu dinheiro e gastá-lo todo comigo e só comigo. Vou comprar um belo carro, uma bela casa com vista pró rio, num bairro "in", vou sair à noite em lugares bem frequentados, vou comprar um vestido Chanel e uma mala da Prada. E que se lixe o doce perfume da infância, a camaradagem entre irmãos, os jogos da corda e do elástico, a ida "aos ninhos", o primeiro dia de aulas na primária, o encanto misterioso do Pai Natal e a alegria do folar da pascoa "para comprares amêndoas", o sabor do primeiro beijo e o arrepio dos dentes que se tocam....ahhh...as fotografias na escola e cabelo repuxado num rabo de cavalo bem preso e o vestido de domingo, tão incómodo para andar de bicicleta! Quero lá saber da renovação de gerações. Que se lixem os meus genes, o nome do meu pai e todas as tradições. Quero lá saber da herança cultural. Não faço questão de ser chamada "Mãe" (apesar de dizerem que é a coisa mais linda do mundo...). Ah! Não preciso desse amor inquietante que é o de mãe. Só em pensar que posso engordar irreversivelmente durante a gravidez até fico agoniada! Nada disso. Quando envelhecer, magra e rica, vou para um lar e fico lá, até me esquecer de mim e morrer. Mas morro feliz porque gastei todo o meu tempo e o meu dinheiro com a pessoa que eu mais amo no mundo: EU.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008