terça-feira, 23 de outubro de 2007

Ainda Pobreza

«19 em cada 100 portugueses viviam em risco de pobreza em 2005»

Ontem vi o Prós e Contras. Não é hábito. Geralmente fala-se muito e diz-se pouco e de vez em quando ouvem-se palmas e assobios. Há ainda situações em que não há nem prós nem contras mas apenas uma amálgama de opiniões frágeis ou ainda, mais caricato, damos pela inversão dos papéis e o que começou por ser um acérrimo defensor do "pró" revela-se posteriormente um acidental defensor do "contra" e vice-versa. Mas ontem vi e até gostei. E gostei mais do lado do "contra". Obviamente não poderei estar do lado da pobreza.
E perguntam vocês, que não viram o programa mas são pessoas perspicazes "Mas estava em discussão os "prós" e os "contras" da pobreza? Mas há coisas boas na pobreza? Haverá alguém que defenda a pobreza?" Bem, respondo-vos, sagazes mentes, que não há muito tempo um "grande português do séc XX" disse "pobre mas com orgulho" o que me faz lembrar outras expressões de orgulho saloio do género "orgulho em ser gay" ou ainda "orgulho em ser uma vaca". Brincadeiras à parte...

De facto o tema não era bem discutir se a pobreza é boa ou má, como seria de prever num programa com aquele formato, mas antes "diagnosticar a pobreza em Portugal". Já alguém disse "Portugal está de tanga!" Pois! mas não é uma tanga tigresse usada ocasionalmente por diversão, por fetiche, em que Portugal mostra o exercitado glúteo moreno a uma audiência de suecas nada disso! é antes uma tanga (ou "sliper"!) de nylon-poliéster estilo Zezé Camarinha que funciona como paramento obrigatório quer faça chuva torrencial ou sol abrasador. De modo que, quando se olha pra Portugal em tanga, dá vontade de virar a cara e dizer "Veste-te!! tás a fazer ceninhas."

Efectivamente cerca de 20% dos portugueses são pobres e esta taxa tem permanecido provocadoramente constante ao longo dos últimos anos. Uns defendem a necessidade de primeiro criar riqueza (através do fomento do empreendedorismo) para se vencer a pobreza outros defendem que não é crescendo economicamente que se obtêm resultados tendo mesmo dado o exemplo da Irlanda que viu no seu ano de maior crescimento económico simultaneamnte os maiores números de pobreza. Na minha opinião o problema está mesmo nas desigualdades. Há um grande fosso entre pobres e ricos: a riqueza dos 500 homens mais ricos equivale aos rendimentos de 146 milhões de pobres em todo o mundo. São números impressionantes e que mostram uma balança muito desequilibrada. Não seria justo distribuir a riqueza? O que andam os ricos a fazer com o seu dinheiro? Pagarão o justo salário aos seus funcionários? Exigirão dos seus clientes o valor justo pelos serviços que prestam? Ou estarão a sobre facturar? Estarão a pagar os seus impostos? Estarão a contribuir activamente (não só material mas politicamente) para a erradicação da pobreza? Serão mecenas? Contribuirão para que pelo menos uma dezena de crianças pobres possa estudar e sair da espiral de miséria? Contribuirão para o aumento de oportunidades? E as suas empresas terão Responsabilidade Social? E o que dizer das Associações e Instituições de Solidariedade, elas que tentam "apenas" colmatar os deficits materiais? Será que retiram indivíduos da marginalidade, lato sensu? "Não dês o peixe, ensina a pescar" porque só realmente ensinando e preparando a sociedade para vencer é que se elimina a pobreza; atacando somente os sintomas não se cura a doença.

Os tempos mudaram, a sociedade transformou-se e uma questão interessante é que um dos parâmetros de pobreza dos países desenvolvidos é agora a "info-exclusão" sendo encarado o acesso à informação como o bem mais importante não para a sobrevivência material, biológica (como acontece em África, por exemplo) mas social, possibilitando o individuo integrar-se entre iguais e vencer. Hoje e aqui é considerado pobre aquele que não tem um computador ligado à banda larga. É considerado miserável aquele que não tem o que comer.

Outra ideia interessante é que uma grande parte da pobreza em Portugal encontra-se entre pessoas que trabalham. Não são apenas idosos, doentes e desempregados que são pobres. Os que trabalham também o são. É paradoxal. Não posso compreender e não quero. Quem trabalha não pode ser pobre. É de uma injustiça que me revolta. Quem trabalha TEM o direito de VIVER e não de apenas sobreviver. De facto, trabalhar uma vida inteira e sempre com privações não me parece justo. A resolução do problema passa inevitavelmente por aumentar o salário mínimo e sobretudo não permitir condições de empregabilidade precária.
TODOS nós conhecemos casos de pessoas que são exploradas; pessoas que trabalham todos os dias do mês e recebem menos que o salário mínimo. Ou aqueles que não vêm o seu trabalho devidamente recompensado. Esta situação tem de acabar!!!

E finalmente, e porque sou uma apreciadora incondicional de UTOPIAS, a pobreza deveria ser considerada um ataque aos direitos humanos e como tal ser declarada como anti-constitucional. Talvez assim esta questão passe a ser encarada com importância que merece. Eu não desejo que não hajam ricos. Só desejo que não hajam pobres.


E já agora deixo-vos uma pequena amostra de como é possível não lucrar EXCESSIVAMENTE com as necessidades das pessoas e ser feliz
Vacina vendida a preço de custo
É uma OFENSA o preço desta vacina e eu tenho sérias criticas em relação a matérias deste género mas não vão faltar oportunidades. Infelizmente...

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem, muito bem!!!!

Se vivesse em Portugal tinhas o meu voto!! :D